terça-feira, 17 de novembro de 2015

DE EXAMINAR PARA AVALIAR, UM TRÂNSITO DIFÍCIL, MAS NECESSÁRIO



“A transição dos hábitos de examinar na escola para hábitos de avaliar exige atenção constante, [...]” p. 67

Então, para que ocorra essa mudança do ato de examinar para o ato de avaliar, os docentes têm que ter em mente um processo já bem definido, para que não planeje um modelo que traga resultados insatisfatório, mas também eles precisa ter uma personalidade forte para criar hábitos novos, para que ocorra interação entre o educador e o educando, trazendo ao todo resultados positivos no processo de ensino-aprendizagem.

“[...], a história da educação nos aprisiona. No que se refere à avaliação da aprendizagem, nós educadores temos estados de aprisionados a padrões de compreensão e de conduta que vem de séculos passados; [...]” p. 68

As contribuições da história da educação é um fator que dificulta a transição dos hábitos relativos aos exames para hábitos relativos a avaliação. Então, os docentes estão aprisionados a padrões de compreensão e conduta, que faz sempre usar o método de exames para verificar se os alunos aprenderam ou não o que foi transmitido pelo professor na avaliação da aprendizagem, por isso que as escolas brasileiras não consegue produzir resultados bem-sucedidos, pois os alunos estão ali só para executar o que o professor apresentou em sala de aula, na qual o principal função do docente é acompanhar a aprendizagem do discente e isso não ocorre. Para que isso seja mudado, é importante o professor remover esse modo de agir e compreender, e sempre buscar inovações no processo de aprendizagem dos educandos.

“Michael Foucault, em seu livro Vigiar e punir, nos lembra, [...] do final da Idade Média, passamos, na emergência da modernidade, para os mecanismos de disciplinamento através dos micropoderes, que são recursos silenciosos de controle de pessoas e de grupos humanos, que operam no seio das instituições sociais.”

Nesse período era os exames que controlava os alunos na escola no seu processo de aprendizagem, já que os professores carregavam uma estratégia, onde eles acreditavam que os alunos aprendiam por meio de ameaça e castigo, no qual o aluno era pressionado a estudar para tirar notas boas, e com virtude não era castigado. Com a permanência dessa metodologia de verificação por muito tempo, acabaram criando um padrão de conduta no modo de agir dos educadores, deixando a ficar à mercê dos exames.

“Não se pode negar o passado, o que se pode fazer é superá-lo, incorporando o que ele ofereceu para a história” p.69

Por não ser fácil modificar esse hábito de avaliar a partir do exame, pois ela foi construída a séculos, e se tornou resistente a mudanças. Então para que esse hábito seja revisto, temos de agir em conjunto com os professores, para que possa ser incorporado uma nova visão e um novo modo de avaliar a favor da aprendizagem.

“[...]: o modelo de sociedade vigente na modernidade, que é excludente.”

No momento que vivemos em uma sociedade que utiliza meios que exclui o aluno no seu processo de ensino-aprendizagem, usando instrumentos onde só faz classificar ele e não se importa com seu aprendizado, é um fato que merece sempre ser contestada, para que procure soluções que ajudem transformar esse hábito de verificar os educandos no seu processo de assimilação do conhecimento, para um hábito de avaliar.

“A avaliação da aprendizagem é democrática, pois que, sendo inclusiva, acolhe a todos, o que se opõe ao modelo social hierarquizado e excludente da sociedade burguesa, daí ser difícil praticá-la.” p.70

Vivemos em um modelo de sociedade que é excludente, e isso torna difícil a mudança de maneira de avaliar, pois o modelo de avaliação da aprendizagem é democrática e inclusiva, o que se opõe ao que vivemos em nossa sociedade. Porém devemos agir de forma crítica e ter a vontade de se confrontar esse modelo que já não é mais eficaz.

“O ato de usar a avaliação da aprendizagem dentro da escola, hoje, configurada com investigação e intervenção a serviço da obtenção de resultados bem-sucedidas, é um ato revolucionário em relação ao modelo social vigente.”

A avaliação da aprendizagem nos dias atuais, os docentes seguem um modelo já pré-definido e não fazem nada para intervir, se incomoda no que é fácil de fazer, por isso vivemos numa sociedade excludente. Já que vivemos numa sociedade assim, os professores têm que ser críticos e reflexivos, para que o ato de avaliar seja configurado para trazer resultados bem-sucedidos, onde o objeto (professor) tem que ter comprometimento com a comunidade escolar que ele atua.

“[...], a experiência biográfica de cada um de nós educadores. Este fator atua fortemente na constituição e manutenção da resistência ao trânsito do ato de examinar para o ato de avaliar.”
Esse é um fator que fortemente atua na resistência da mudança do ato de examinar para o ato de avaliar, porque durante a sua vida acadêmica, os professores sempre foram avaliados. Agora que se tornaram professores, eles replicaram o que acontecia com eles quando era alunos, onde estão examinados os alunos do mesmo modo que foram examinados. Mas para romper esse modo de agir, os educadores têm que ser um indivíduo consciente, atento e cuidadoso, para que consiga mudar esses velhos hábitos.

“Para transitar do ato de examinar para o ato de avaliar na escola, necessitamos de proceder a uma metanoia, termo grego que significa conversão.” p. 71

O instrumento de avaliação, nesse caso o exame, ele incorporou uma metodologia de ensino, onde o professor tem sempre o foco de verificar os alunos, mas essa prática usada não ajuda muito no processo de ensino-aprendizagem. Para que ela torne satisfatória, seria necessário a mudança do ato de examinar para avaliar, pois requer uma conversão no sentido de substituir conceitos e modos de agir que não remetem a real função do educador.

“Avaliar é um ato subsidiário da obtenção de resultados positivos com nossa ação.”

Esse sempre é o foco, buscar resultados positivos. Mas os educadores as vezes é o principal ator de buscar o fracasso dos educandos, pois eles criam provas desnecessárias para os alunos. Portando, o ato de avaliar oferece recursos para investigar os conhecimentos dos alunos, a partir daí ele pode intervir, caso for necessário, para sempre encaminhar na direção de bons resultados, mas para isso se faz necessários oferecer novas práticas, ou seja, é preciso mudar.

Referência

LUCKESI, Cipriano Carlos. De examinar para avaliar, um trânsito difícil, mas necessário. In: LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. Ed. São Paulo: Cortez, 2011, p. 67-72.

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